sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Nicolau Saião

"Em Portalegre cidade"... ou Portalegre no seu melhor

Não é todos os dias que, na chamada grande imprensa, o nome da cidade de Portalegre é citado. Em geral costuma ser pelos motivos menos positivos: um burlão que é apanhado com a doutorice na botija, um desastre ou um assalto perpetrado em plena luz do dia na rua mais concorrida da terra, um grupo de funcionários/polícias que, por denuncia do seu comandante da altura, é investigado e (processado?) por se ter enredado em "ligações perigosas" com comerciantes, um caso momentoso no hospital, noutra entidade funcionalista, ou a derrocada súbita duma casa entaipando quem lá morava...
Verdade seja que lá de vez em quando também aparecem citados, ainda que ao de leve, acontecimentospositivos de relevo: um prémio atribuído, à autarquia e ao arquitecto, pela recuperação de um edifício histórico integrado na renovação da cidade, os sucessos de autores de reconhecido mérito (em geral depois discriminados portas adentro, porque não interessa que façam concorrencia aos "galhetas" semi-intelectuais), um alto empresário que, segundo consta, virá para cá trabucar, um bispo novo que vai ser para cá nomeado, etc...
Enfim, creio que me faço entender.
Por isso, é sempre com alvoroço que o nosso coração portalegrense se põe a palpitar ao toparmos - ainda para mais sem o esperarmos - num grande órgão de comunicação, com quaisquer notícias sobre a região lagóia. Foi o que me sucedeu em relação a esta que aqui se deixa e na qual Jorge Isidro, presidente do clube que também é do meu coração, mesmo familiar pois que todos os meus filhos nele jogaram, fala sem papas na língua - o que só lhe fica bem e é exemplo que por ali deve estimular-se.

"[...]
Em poucos anos o Estrela de Portalegre passou do céu ao inferno futebolístico. O mesmo clube que em 2001/02 colocou o nome no livro do Guiness, depois de 19 vitórias consecutivas na III Divisão, está agora no último lugar desse mesmo campeonato, sem qualquer vitória conquistada.
[...]
Em 16 jogos foram somados apenas três pontos, fruto de empates. Tudo o resto foram derrotas. Entre os adeptos, por certo, reina a saudade da época gloriosa do início da década, mas para o presidente Jorge Isidro é esse feito que explica os problemas actuais.
«Preferia que essa época nunca tivesse acontecido. Nesta altura o Estrela estava nos primeiros lugares da III Divisão e com as contas em dia. Nesses anos gastou-se muito dinheiro, o que desequilibrou as contas do clube», explicou o dirigente, em conversa com o Maisfutebol.
Quando o Estrela de Portalegre ganhou mediatismo nos jornais, Jorge Isidro ainda não era presidente. Entrou para a presidência do clube em 2003, e foi logo obrigado a tomar uma decisão difícil.
«O clube ficou em 2º lugar na segunda divisão, muito perto de conseguir à subida à Liga de Honra. Aceitei o desafio de assumir a presidência e tentar equilibrar as contas, mas o cenário que me foi apresentado era três vezes pior do que eu julgava. Decidi que não havia condições para fazer uma equipa competitiva e fomos para os distritais», explica.
As portas dos campeonatos profissionais fecharam e o Estrela foi parar ao Campeonato Distrital de Portalegre. Em termos desportivos a decisão teve efeitos muito negativos, mas o líder do clube considera que havia factores mais relevantes a ter em conta. «Construir uma boa equipa é fácil. Mas depois temos de pagar às pessoas. Temos de ser honestos. Não posso pagar só dois meses», explica.
Equipa made in Portalegre
Filipe Romão, um dos capitães de equipa, partilha da opinião do presidente. O jogador considera que «o recorde resultou na destruição do clube». «Não se consegue isso com uma equipa dita normal. Isso trouxe problemas financeiros», disse ao Maisfutebol.
O defesa frisa que o emblema alentejano tem as contas todas em dia, mas o rigor orçamental explica as limitações desportivas. «Agora o clube limita-se a ter jogadores do distrito. Só há um ou dois de fora porque ninguém quer vir para aqui a ganhar pouco», conta.
Apesar de estar em último lugar da Série E, com 13 derrotas, o Estrela de Portalegre não tem sofrido muitas goleadas. «O nosso resultado mais pesado foi 4-1, em Câmara de Lobos. Trabalhamos todos os dias para alcançar um resultado positivo mas não temos sido felizes. Não há explicação para isso, é uma frustração muito grande».
"

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

JOVEM ESPERA PELO NAMORADO
QUE MORREU NA GUERRA

Versão de Carvalhal, freguesia do Salvador da Aramenha (concelho de Marvão), recitada por Maria Josefa Baptista, nascida em 1919. Recolhida por Ruy Ventura em 31.03.2001.


Maria José
Que ainda se vê
Guardando o seu gado
Que adorava e cria
[..................................]
[..................................]

De tantos amores,
Esses dois pastores
Davim que falar.
Pelos trigais [...]
Quando se zangavam,
Punham-se a cantar.

"Dá-me um beijo Zé Maria,
Qualquer dia casaramos.
[.........................................]
Tenho fé nesse dia, que alegria!
Lá 'tá toda a freguesia
No casório da Maria mais do Zé."

Mas um dia a guerra
Foi buscar à terra
O bom Zé Maria.
Ele foi-se embora.
Ao longe a pastora
'Inda le dezia:

"Qualquer dia voltarás,
Eu tenho fé."
Mas quando o mal findou
Voltou a alegria,
Mas o Zé Maria
Nunca mais voltou.

E hoje a pastora
Sorri, canta e chora,
Vive na esperança
De ver um dia
O Zé Maria
Que morreu em França.

(Aprendi com uma rapariga que aprendeu com uma pessoa mais velha. Isto passou-se na Guerra da França.)

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