sexta-feira, 6 de maio de 2011



Interpretação do Percurso


por Ruy Ventura



1 – Carreiras

Aldeia situada a 600 m de altitude. Existem nesta freguesia vestígios de ocupação humana muito antiga. Do Neolítico, identificaram-se o povoado do Veloso e a anta da herdade do João Martins, próxima da anta do Soveral, já no concelho de Castelo de Vide. Descobriram-se, entretanto, moedas do século I d. C. e vestígios de povoados da alta Idade Média. A aldeia, com mais do que provável origem medieval, terá nascido de um ponto de reunião dos pastores (cabreiros) da região, no Rossio. Nas proximidades situava-se um pequeno reduto fortificado, talvez com origem anterior, que deveria servir para acolher o gado e a população em caso de necessidade. A igreja de São Sebastião, nascida talvez sobre um santuário antigo, deverá ter sido edificada na Baixa Idade Média. Teve reconstruções em finais do século XVI e nos últimos decénios do século XVIII. A urbanização da aldeia terá pretendido ligar núcleos habitacionais mais antigos, identificável nos locais denominados Castelo, Castelinho, Arrabalde e Cabril. Embora tenha um traçado adaptado às curvas de nível da encosta da serra de Castelo de Vide, manifesta preocupações de regularidade. Deverá datar de inícios do século XVI.





2 - Fonte dos Carvoeiros

Altitude 670 m. A fonte e o parque de merendas foram construídos nos anos 60 do século XX. A sua designação é muito mais antiga, não tendo relação com carvoarias, mas com um termo semita relacionado com sítios de pastagem. Magnífica vista panorâmica; à esquerda na direcção sudeste avista-se o pico de S. Mamede (1025 m de altitude), o ponto mais elevado a sul do Tejo.





3 – Início da calçada medieval

Aqui inicia-se a descida pela calçada medieval, é possível observar o travamento estrelado da calçada. A via a percorrer é uma parcela da estrada que ligava Portalegre a Castelo de Vide. No estado actual, a sua construção deve remontar à Idade Média, mas terá sido instalada sobre uma rota muito mais anterior, seguramente da época muçulmana, talvez até da época romana.



4 - Fonte Branca e Água Todo o Ano

Altitude 545 m. Trata-se de uma fonte de mergulho, com arquitectura que deve remontar à Idade Média, embora com remodelações posteriores. Serviria para abastecimento dos viajantes e para sua purificação (o que é sugerido pelo seu nome, derivado do árabe “baraka”). Perto existe a quinta da Água Todo o Ano, que terá sido um local de veraneio dos padres da Ordem de Malta, que paroquiavam a igreja de S. João de Castelo de Vide.



5 Monte da Gente

Desta zona da calçada pode avistar-se um pequeno cabeço arborizado com sobreiros onde se situam ruínas de edifícios. Segundo alguns arqueólogos, pertencerão a um fortim romano, não sendo no entanto impossível que sejam de um pequeno povoado medieval.



6 Torre de Caldeira

A sudoeste da Fonte de Branca situam-se os edifícios abandonados de uma antiga herdade, onde se destaca uma torre, datada de finais do século XVI ou de princípios do século XVII. Foi mandada construir pela família Caldeira de Tavares, de onde saíram alguns alcaides-mores de Portalegre.



7 Horta das Cinco

Perto desta pequena quinta há ruínas de uma estalagem medieval, onde ainda se pode observar um forno de cozer pão. No final da calçada, vê-se o edifício da Quinta do Prior, talvez do século XVIII. Perto está o monte do Morujo, onde há um chafurdão arruinado (abrigo de pastores anterior à nacionalidade).



8 Calçada medieval secundária

Calçada medieval de acesso a Carreiras. Ramal da via principal acabada de percorrer. À esquerda vê-se um cabeço pedregoso, o Fraguil, no cimo do qual existe um afloramento granítico com configuração fálica (talvez um menir ou o bétilo de um santuário anterior aos romanos).

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